quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Foto de 1909, do acervo de Frassales. Em cima: (da direita 
para esquerda) Francisco Bezerra, João Uchôa e Marechal
Joaquim Sobreira Cartaxo. Embaixo: (da direita para 
esquerda) Cristiano Cartaxo (com livro na mão), Lucas
Moreira e José Sinfrônio 

O farmacêutico Cristiano Cartaxo
Por Francisco Frassales Cartaxo

O poeta Cristiano Cartaxo concluiu o curso de Farmácia no Rio de Janeiro, em 1913. Um século! Ele começara os estudos de medicina na pioneira faculdade da Bahia, mas logo se transferiu para o Rio. Seu pai, o major Higino Rolim, dono de farmácia autorizada a funcionar pelo Imperador Pedro II, em 1875, induziu o filho a mudar de curso e, com isso, antecipar o retorno a Cajazeiras, a fim reforçar o prestígio da sua botica. Foi o que se deu. Cristiano Cartaxo chegou às vésperas da criação da diocese, quando o padre Sabino Coelho arrecadava fundos para garantir a formação do patrimônio da futura diocese. Nessa época, o Ceará pegava fogo com a sedição do Juazeiro. Sob as benções do padre Cícero Romão Batista, os jagunços comandados pelo médico e deputado federal, Floro Bartolomeu, puseram a correr do governo cearense o coronel do Exército, Franco Rabelo, que fora eleito graças ao “salvacionismo”, movimento responsável, no Ceará, pela derrocada da oligarquia Acioly. O episódio teve dimensão nacional, mercê das ligações partidárias do padre Cícero e Floro com Pinheiro Machado, o poderoso chefe nacional do Partido Republicano Conservador.

Pois bem, foi esse contexto agitado que meu pai encontrou neste pedaço do Brasil, ao retornar a Cajazeiras. No plano sentimental, contudo, predominava céu de brigadeiro. Seu casamento já estava acertado com Idalina, filha mais nova do coronel Joaquim Matos. Dizem que Ilina era uma linda mulher. Os retratos, guardados a sete chaves, confirmam a beleza da primeira esposa de meu pai. O enlace durou pouco. Alguns anos apenas. Ilina Matos morreu em trabalho de parto do segundo filho.

Viúvo rico para o padrão da época, anel no dedo, quando sequer havia médico em Cajazeiras, Cristiano deve ter sido observado com olho comprido pelas donzelas... E pelos pais delas... Isso ele deu a entender em raríssimas confidências e, assim mesmo, em doses homeopáticas. Quem o seduziu então? A beleza de uma adolescente expulsa do Cariri, junto com sua família, pela sanha repressiva dos fanáticos do padre Cícero. Veja o leitor, como fatos históricos influenciam manifestações individuais de paixão e de amor.

Marilda Sobreira, prima legítima do meu pai, chamava o major Higino Rolim de “tio doutor”. Por quê? Porque o tio era farmacêutico prático, como se dizia. Aviava receitas com base em compêndios franceses. Todos o tratavam como doutor. Imagine a importância do filho, formado no Rio, jovem, poeta, culto, orador em festas cívicas e religiosas... Católico, Cristiano caiu nas graças de dom Moisés Coelho, nosso primeiro bispo, a partir de 1915, tanto que mereceu largos elogios do padre Heliodoro Pires, em carta publicada em 1916, em jornal da capital da Parahyba. 

No centenário de sua formatura, presto a meu pai esta homenagem simples, despida de excessos laudatórios e prometo para breve narrar uma história de amor ocorrida em Cajazeiras, na qual ele é protagonista. História de amor com raiz na chamada “guerra” entre Crato e Juazeiro. Por coincidência, guerra iniciada, exatamente, no mês de dezembro de 1913, quando o poeta Cristiano Cartaxo Sobreira Rolim concluiu o curso de Farmácia, no Rio de Janeiro.



fonte: blog setecandeeiros cajá

Programação do FUMINC DE ARTES. Click nas imagens para ver melhor.




quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

AS DUAS IMAGENS DO NATAL

por: Nonato Guedes


Cajazeiras no tempo em que o artigo foi escrito. Imagem do Cine Éden 
           
                  já em clima de natal, transcrevo abaixo um artigo do jornalista cajazeirense Nonato Guedes, publicado no Jornal A União, em 25 de dezembro de 1983 – há 30 anos, atrás. Nele Nonato (que na época tinha 25 anos) usa de toda inteligência argumentativa para expor e fazer de forma contextualizada, um suscito comentário, sobre as políticas dos países considerados de primeiro mundo, no campo da corrida armamentista. O jornalista, no artigo, descreve fatos, comenta noticias e faz uma relação entre o clima natalino de 1983 e a angustia que passava as sociedades mundial da década de 80, com a queda de braço da chamada "Guerra Fria", que ameaçava a paz no planeta. Vale apenas ler e fazer uma viagem sobre o que rolavam no mundo, no natal do ano de 1983.         


As duas imagens do Natal
Nonato Guedes.

No natal de 83, as imagens mais fortes que ficam são as do “The Day After”, o documentário cinematográfico que descreve o holocausto nuclear e que, ao ser exibido nos Estados Unidos, tornou-se um pesadelo para milhares de pessoas ainda mal refeitas das tragédias anteriores. A explicação para o pânico é simples: a possibilidade de uma guerra nuclear era, até pouco tempo, apenas uma miragem a rondar cabeças em todo o mundo.

Nos últimos anos, as sociedades constataram que se tratava de uma ameaça real e decidiram que se impõe algum tipo de reação, diante da desenvoltura com que as chamadas grandes potências acumularam forças, ampliam arsenais e perseguem uma superioridade cada vez mais distante do equilíbrio desejado.

O exemplo dos sintomas de reação que está havendo, pode ser sentido na multiplicação dos grupos pacifistas em inúmeros países e das gigantescas manifestações de rua que tentam pressionar os líderes das potências a abandonar essa corrida obsessiva pelo armamento. A luta pela paz deixou de ser um eufemismo romântico de gerações adolescentes para se transformar num instrumento de defesa de todas as gerações, intimidades com a sensação iminente da destruição total.

Essa resistência cresce na medida em que, os dirigentes dos atuais sistemas políticos prosseguem na medição de forças desenfreada, empenhando fortunas e mais fortunas na invenção de equipamentos para uma guerra que só eles desejam. A militarização dos Estados tornou-se uma constante nas últimas décadas, na mesma proporção em que emagrecem nos orçamentos as verbas para programas sociais e investimentos de consumo público e em que o padrão de vida deteriorou-se a níveis alarmantes.

Os preparativos para o confronto são cada vez mais acelerados – e até países como o Brasil, que deveria concentrar suas energias na busca de meios para resgatar uma monstruosa dívida externa e melhorar a qualidade de vida do seu povo – candidata-se a uma vaga no famoso “clube da bomba” – um grupo elitista e dominador. As sociedades restam apenas o direito de esboçar gritos de sobrevivência, evitando ceder ao pessimismo fatalista de que a sorte da humanidade está deliberada por antecipação. E cada uma reage como pode – Agora mesmo, num longínquo país, grupos de moradores reuniram-se e decretaram o suicídio coletivo para quando estourar a bomba. Como num espetáculo macabro, a comunidade decidiu em votação, que no dia “D”, antecipando-se aos efeitos da destruição, lançará mão de um soro letal que provoca menos agonia do que o petardo nuclear.

São, como se vê, tentativa desesperada que refletem as experiências traumáticas vividas desde agora por multidões assustadas e desprotegidas em todo o mundo. Enfim criou-se a consciência de que só uma mobilização oriunda de uma correte nova de forças pode garantir a defesa de todos contra os tentáculos da dominação totalitária. Do contrário, virá o caos absoluto.

Mas o natal de 83 convive com outras imagens dantescas – e mais próximas, entre as quais o espetáculo da fome, da miséria, do desemprego, como corolário das políticas recessivas geradas pelo imperialismo econômico. Ou, então, o esmagamento do indivíduo pelo Estado, provando que as profecias de George Orwell não só eram infundadas como se materializaram antes da data-limite.

A caricatura do “Grande Irmão” descrito por Orwell parece estampada na face dos governantes em todo o mundo, que agem sob formas distintas, mas com motivações idênticas. O Estado, é, hoje, o grande monstro devorador de indefesas criaturas. E se por um lado a década de 80 marca uma tomada da consciência coletiva sobre a dimensão dos tentáculos do Poder em relação à massa humana por outro revela quão impotentes são as pessoas para dominar essa engrenagem. 

Não deixa de ser melancólico que o Natal continue sendo opressor, na medida em que acentua de forma flagrante os contrastes entre uma minoria iludida, prisioneira do reino da fantasia, e maioria realista, que, de pés no chão, sente saborearem-se cada vez suas aspirações dignidade humana. Como se de fato, estivéssemos todos a caminho do matadouro, da extinção da espécie.





fonte: Jornal A União – 25 de dezembro de 1983.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Alba Costa: Primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da Câmara Municipal de Cajazeiras.

A professora Alba Costa de Ataíde

Conheci a vereadora Alba Costa de Ataíde nos primeiros anos da década de 80, quando estive como oficial de atas e redator de debates da Câmara Municipal de Cajazeiras. Alba era uma parlamentar atuante, preocupada com os anseios da comunidade cajazeirense, uma defensora dos direitos da mulher e do cidadão desamparado, socialmente desmembrado e esquecido pelos poderes constituídos. Uma mulher a serviço da cidadania. 

Falo assim! pois como testemunha que foi, lembro muito bem da sua ação parlamentar. Um trabalho que as vezes chegava ao ponto de ultrapassava a esfera municipal. Pois muitos foram os requerimentos que li em plenário, apresentados por Alba a mesa diretora, solicitando melhorias nos serviços sociais do Estado na cidade; bem como, nas políticas públicas do governo federal na região de Cajazeiras. 

Sei que era professora e não assistente social, mas o seu trabalho na Casa de Otacílio Jurema demandava para o social e para assistência as pessoas mais humildes da periferia. Vários foram os dias que após as sessões, me deparei com Alba no seu gabinete ladeada por populares, ouvindo lamentos, reclamações e pedidos de toda ordem, e Alba, como sempre, com simpatia e com sua paciência, atendia todos indistintamente com atenção e apreço. 

A sua trajetória na política da terra que ensinou a Paraíba ler, tem inicio em 1982, quando Alba entrou na política e foi eleita a primeira vereadora mais votada da história política de Cajazeiras, com uma votação alarmante de 991 sufrágios. Algo considerado anormal para os padrões cajazeirenses, até então acostumado a eleger somente homens para esse cargo na sua câmara municipal. Sendo a mais votada, Alba Costa conquistou a simpatia dos demais vereadores eleitos e foi escolhida como Presidenta do Legislativo cajazeirense para o biênio 85/86. Portanto, em 150 anos de história, a cidade de Cajazeiras viu Alba Costa ser a única mulher a ocupar a presidência de sua Câmara de Vereadores. 

Nas eleições de 1988, Alba tentou novamente eleger-se pelo mesmo partido - o PDS, que o elegeu em 1982, mas na abertura das urnas só consegui apenas os insuficientes 282 votos. Em 1998, voltou à cena política de Cajazeiras depois de ser eleita suplente de vereadora com uma margem de 302 votos. Votos esses que o fez a assumir um novo mandato, 10 anos depois. 

Além das atividades políticas e na área educacional, como professora da rede pública de ensino, Alba foi também diretora da Biblioteca Pública Municipal “Castro Pinto”. O seu carisma ligado a presteza como se relacionava com os seus pares, seus eleitores, amigos e pessoas mais próximas, o credenciará para ocupar um espaço na história do legislativo mirim cajazeirense. A sua estadia entre nós, sem dúvida, vai deixar saudades. E entre todos, as lembranças ficarão.

A parlamentar mirim Alba Costa de Ataíde



segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

NEC faz encerramento de Curso de Teatro.

Troféu de melhor ator e atriz


Foi realizada sexta-feira passada, 06/12, às 20h00, na sede do NEC - Núcleo de Extensão Cultual da UFCG, a entrega de certificados aos participantes e de troféus de melhor ator e atriz do II Curso de Iniciação Teatral do NEC. A programação de encerramento do curso, além das entregas das comendas, contou com a apresentação do espetáculo “Só é corno quem quer” com texto e direção de Helder Dantas e finalizou com o show musical da banda “Thaderium”

Foto (direita) ator revelação - Eudismar Guede's 


Entrega de certificados aos participantes

Atriz revelação Milena Caruê 



  

sábado, 23 de novembro de 2013

Yonas Pê: A arte de um cajazeirense em Sertãozinho/SP

Yonas Pê - Músico, Cartunista, Ilustrador,
Artista Plastico e Design Gráfico

O antigo Atelier de Artes Plásticas que pertencia ao Núcleo de Extensão Cultural, quando na época esse era dirigido pela Universidade Federal da Paraíba, hoje UFCG, foi marcante no desenvolvimento das artes visuais de Cajazeiras, pois revelou talentos e incentivou muitos a trabalhar sua sensibilidade amparada no gosto e na satisfação do criar e do fazer - processos desencadeantes que só a arte contempla a quem quer viver da arte. Que o diga Yonas Pê, que deve tirar suas conclusões a respeito da relevância que a arte tem em sua vida.

Yonas é um cajazeirense do seu tempo. Um artista multimídia, que mistura a profissão de músico com a de design gráfico, ilustrador, cartunista e se brincar, acho até que também deve ter experimentado o ofício das artes cênicas. A arte parece ser um antidoto que Yonas Pê carregar dentro de si e não troca por nada.

Na terra do por do sol que encanta e que não é efêmero, e sim permanente, pois nos contempla todos os dias com o seu brilho e sua cores plumárias durante as quatros estações do ano, Yonas, assim como Bosco Maciel, Carlos Cardoso, Vilma Maciel, Marcos Pê e tantos outros que deixaram a cidade na busca de um espaço maior para mostrar seus talentos é mais um desses artistas que onde estiver, ou com quem estiver, representará muito bem a nossa arte e a nossa cultura. 

De origem humilde, Yonas lapidou a sua sensibilidade artística vendo e vivendo os dons que seus avos demonstravam no dia-a-dia. Do seu avô materno herdou o gosto pelo desenho e do seu avô paterno a herança fez fluiu a paixão pela música, tendo a Banda Apocalypse um dos seus momentos mais significativos. Impondo a sua guitarra e um grito libertário no sertão, fez ecoar ao lado de Rocha, Gilberto, Fabiano Lira e Naldinho Braga, a marca do “rock and roll” da caatinga em vários lugares festivais espalhados pela região Nordeste a fora.

Nos anos 80, foi incentivado e levado pelo artista plástico Marcos Pê ao Atelier de Artes da antiga UFPB. Lá sob a orientação de Telma Cartaxo - coordenadora de Artes Visuais do NEC e demais integrante do Atelier de Artes, aprendeu mais um pouco do que já sabia nas aulas de desenho e pintura. E assim, começou a trabalhar melhor a sua sensibilidade e construir a sua arte, experimentando da cultura de Cajazeiras de tudo um pouco: a pintura, a música e o teatro.

Morando há 20 anos em Sertãozinho, São Paulo, Yonas Pê hoje é acima de tudo ativista cultural. Pois vive exclusivamente da arte e de sua defesa. Já tocou nas noites daquela cidade paulistana, usando o recurso da “voz e violão” para entoar as canções da MPB e também cantar a musicalidade tipicamente do interior nordestino. Trabalhou em agencias de publicidades e em serigrafias. Na metade dos anos 90, Yonas fez na cidade de Sertãozinho várias exposições de artes com temáticas diversificadas. No tradicional Salão Nacional de Humor de Piracicaba, o artista cajazeirense foi classificado duas vezes. Foi contemplado na categoria charge, para representar a regional onde está situada a cidade de Sertãozinho, no concurso do Mapa Cultural Paulista.

Casado, pai de um filho e buscando um trabalho mais independente, o artista multimídia cajazeirense Yonas Pê, montou o seu próprio bureau de criação onde desenvolve suas artes gráficas.

ALGUNS DESENHOS DE YONAS PÊ
....................................................................................................................









Quer ver mais trabalhos de Yonas Pê, acesse: 
http://yonaspe.blogspot.com.br/


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Um tempo sem datas

por Alarico Correia Neto

Como era o Teatro Ica antes da reforma.



Não me amarro em datas. Basta a do meu nascimento, que envelhece mais do que a do meu aniversário, agora sem comemoração, porque virou “adversário”. Por isso não me reporto a tal ou qual ano da minha vida de atividades culturais por essa Paraíba afora, com paragens obrigatórias em Cajazeiras, “Onde, em práticas sem fim./ Deambulam as Musas:/ Na alma…”, como diria o poeta Manuel Bandeira.

Mas ainda lembro, foi na década de 1970, quando recebi a incumbência da Confederação Nacional de Teatro Amador (Confenata) de fundar a Federação Paraibana de Teatro Amador (FPTA), na idade dos vinte e tantos anos, que me tornei um “cajazeirado”. Quando eu não ia a Cajazeiras, Cajazeiras vinha a mim, pois a cajazeirada toda que morava em João Pessoa ou estudava em Recife baixava, nos fins de semana, na minha residência ou, depois, na casa de Beto Montenegro, com quem eu e o meu compadre Germano Mousinho passamos a dividir uma moradia nos Bancários.

Como tal, digo, como “cajazeirado”, apeguei-me às aspirações e pretensões do povo cajazeirense, principalmente no tocante à área cultural, principalmente quando o Grupo Boiada, tendo à frente Gutemberg Cardoso, montou a peça “A Cara do Povo do Jeito Que Ela É” (à memória de Paulo Pontes), de minha autoria; fiz-me presente nos movimentos em prol da construção da sua casa de espetáculos e, inevitavelmente, criando raízes de amizade e de identidade.

Nessa onda, conheci uma pessoa que, pela sua irreverência e liderança, despojada voluntariamente e com nítida sinceridade das suas condições de ser de família tradicional e de classe muito altamente favorecida, estava à frente de tudo que tivesse a bandeira do progresso e do desenvolvimento de Cajazeiras: Íracles Brocos Pires, popularmente conhecida como Dona Ica, que me permitiu chamá-la simplesmente Ica.

E lá ia ela, nos auditórios, nas emissoras de rádio, nos colégios, onde quer que houvesse quem lhe desse ouvidos, quase sempre com Telma Cartaxo atrelada aos seus propósitos, plantando a esperança e a fé em novos dias para a cultura e, de modo geral, para a população de Cajazeiras.

Quando possível, eu também ia a reboque, principalmente quando se tratava das atividades teatrais, porque era a minha área e também por interesse da Confenata. Tanto é que, fundada a FPTA, conseguimos eleger o cajazeirense Ubiratan di Assis seu primeiro presidente.

Porta aberta, fui entrando, como cachorro em igreja. Participei pioneiramente do projeto “Caja-já”, responsável por replantio de 200 mudas de cajazeiras no centro da cidade, e fui sócio-fundador e membro da diretoria do Centro de Tradições de Cajazeiras (CTC). Mas a satisfação maior veio com a construção do Teatro Íracles Pires, que também passou a chamar-se, na voz de Deus (quero dizer: do povo), “o Ica”.

Minha amiga Ica - amiga de todos nós que a admirávamos, quase a idolatrávamos, digo no plural porque nenhum de nós lhe era singular por exclusividade - eu e ela nos distanciávamos por 12 anos, mas ela se fazia igual a mim e a todos mais jovens do que eu, porque ela se rejuvenescia e se rejovializava em seu entusiasmo, na sua coragem, na sua dedicação às causas que abraçava e a que a todos nos levava.

Por termos estado, em algumas situações, tão juntos, como lutar pela construção do teatro de Cajazeiras, que cheguei a ser confundido como um dos “jovens engajados nessa ideia” ao lado de “Íracles Pires - atriz, teatróloga e, sobretudo, amante das artes em geral” (PALMEIRA, Balila. Os Teatros da Paraíba. João Pessoa: Academia Paraibana de Poesia; Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, 199, p. 98), quando eu não fui sequer um pingo d’água no oceano de competência, liderança, sabedoria e prestígio que foi a minha inesquecível amiga Ica.

Não foi por acaso que nominei Íracles, carinhosamente Ica, a minha filha nascida no ano da inauguração do teatro que, por reconhecimento e justiça, mereceu nome daquela ilustre e memorável cajazeirense. Quem conviveu com Ica, não importa qual tenha sido a data, viveu um grande tempo. Porque, como ela bem o diz em seu livro autobiográfico, que continua inédito, ela viveu todo o seu tempo, lamentavelmente tão exíguo pelo que ela precisava e merecia viver.


*ALARICO CORREIA NETO é jornalista, autor, ator e diretor teatral.






fonte: Correio das Artes-Ano LXIV, n° 07, setembro/2013
Uma das formações da Banda Apocalypse: (1991-93). Yonas Pê, 
Gilberto Álvares, Fabiano Lira (com 16 anos), Rocha Rochedo, 
(em memória) e Naldinho Braga. 

Revendo a Banda Apocalypse - a 22 anos atrás.

      Uma viagem a um passado não muito distante da música cajazeirense. Ou melhor dizendo, do "Rock and Roll" cajazeirado. O vídeo abaixo revela uns dos momentos da Banda Apocalypse em ação, durante uma das versões do MPBSESC, em João Pessoa, em 1991. Como filho natural de Cajazeiras e um defensor de sua arte e estando naquele momento na equipe de cultura do SESC, vi de perto e aplaudi a performance dos cinco cavaleiros da Apocalypse. No vídeo, a Banda executa duas músicas “Lugar ao Sol” e “BR Brasil Estação 2000”, todas compostas por Gilberto Álvares (camiseta branca, boné e guitarra solo). Os outros músicos da banda visto nessa apresentação que ocorreu na Área de Lazer do SESC, no dia do festival, são: Yonas Pê (guitarra base), Naldinho Braga (contrabaixo), Fabiano Lira (bateria) e Rocha Rochedo (vocalista - já falecido). Na imagem é possível ver ainda, o poeta cajazeirense Irismar di Lyra, na época, um dos jurados do MPBSESC.


      Mais Banda Apocalypse. Nesse outro vídeo abaixo; num Show em Cajazeiras, em 2012 - após 7 anos sem aparição nos palcos da Paraíba, Gilberto Álvares e Naldinho Braga, decidiram fazer a alegria da galera. Música executada no vídeo: "Filhos do Caos" de Gilberto Álvares. 



    Também abaixo, três, das publicidades produzidas para divulgação da banda. A primeira criada por Gilberto Álvares mostra uma imagem da morte sobre o morro do cristo rei. A segunda é um cartaz produzido em 91, com desenho de Ionas Pê e arte de Gilberto, impresso na serigrafia de Zezinho Barbosa. A publicidade anuncia um show da banda no Bar do Rock, do saudoso João Simão. A última, impressa em offset entre 2003 e 2004.




Outros momentos da banda







quarta-feira, 6 de novembro de 2013

As rimas e violas de Gerson Carlos de Morais

O poeta e repentista Gerson Carlos de Morais


por Cristiano Moura

Gerson Carlos de Morais nasceu a 5 de outubro de 1928 no Sítio Ingá, município de Ipaumirim (CE), filho de José Carlos de Morais e Joaquina Hosana de Souza. Cursou a primeira série ginasial em 1953. Trabalhou de balconista nos estabelecimentos: Armazém São Paulo e Armazém Paulista, de Francisco Matias Rolim, nas Nações Unidas, de Joca Claudino, e no Armazém das Fábricas, de Waldemar Matias Rolim.

No dia 31 de maio de 1964 fundou o programa “Quando as Violas se Encontram”, na Difusora Rádio Cajazeiras, onde cantou cinco anos com os cantadores: José Vicente de Souza, Francisco Guedes Garcia, Geraldo Amâncio Pereira, Sebastião da Silva e Raimundo Borges. Fundou o programa “Rimas e Violas” na Rádio Alto Piranhas; em sua fundação, entregou-o aos cantadores José do Monte Neto e João Tavares de Sousa. Anos depois, Gerson Carlos ficou no programa “Rimas e Violas”, com os cantadores Fenelom Dantas, José Monte e Expedito Sobrinho.

No dia 31 de maio de 1975, por sua criatividade, com apoio de José Monte Neto, Expedito Sobrinho, João Amaro, J. Abel, Francisco Genésio, Vicente Correia, Valdeci Bezerra e seu amigo sargento Nonato Correia Lima, fundou a Associação Cajazeirense dos Violeiros e Poetas Populares (ACVPP), sendo o primeiro presidente e voltando à presidência por vários mandatos.

Foi vereador em Bom Jesus, pelo PSL, de 1979 a 1982. Em 1997, lançou o livro “Pérolas da Poesia”. Faleceu a 30 de outubro de 2013, em São Carlos (SP), aonde residia atualmente ao lado da esposa Dulce Carlos, das filhas, genros e netos.






do blog: coisadecajazeiras

terça-feira, 5 de novembro de 2013


Cajazeiras, a cidade palco
Escreveu: Chico Cardoso

Um dos mais importantes capítulos da história do teatro, na Paraíba, tem como cenário o município de Cajazeiras, no Alto Sertão. A tradição daquela cidade, no campo da educação e cultura, se traduz na frase que a tornou célebre e a imortalizou: “Terra que ensinou a Paraíba a ler”.

A tradição cênica de Cajazeiras consolidou-se pela atuação de grupos teatrais, de que são exemplos Os Romeiros do Futuro, Teatro de Amadores de Cajazeiras (TAC), Moderna Equipe de Teatro Amador de Cajazeiras (Metac), Grupo Boiada, Grupo de Teatro Amador de Cajazeiras (Grutac) e Grupo Terra.

Entre os construtores do teatro cajazeirense, destacam-se, entre outros, Hildebrando Assis, Íracles Pires, Chico Cardoso, Tarcísio Siqueira, Gutemberg Cardoso, Geraldo Ludgero, Ubiratan de Assis, Eliézer Filho, Marcélia Cartaxo e a “tríade lírica” formada pelos atores Buda, Soia e Nanego Lira.

Há muito mais gente nessa história e o espaço ficaria pequeno para citar todos os que edificaram o teatro em Cajazeiras. De qualquer modo não poder ser esquecidos Laci Nogueira, Ju Coelho, Auxiliadora Braga, Jocélio Amaro, Aguinaldo Cardoso, Beethoven Dantas, Sílvia Siqueira e Rosângela Alencar.

O Correio das Artes destaca o fazer teatral em Cajazeiras, trazendo como homenagem maior uma série de artigos sobre a atriz e diretora teatral, radialista, animadora e gestora cultural Íracles Brocos Pires, que faleceu no dia 9 de março de 1979 em acidente automobilístico na cidade de Jequié (BA).

Chico Cardoso abre a panorâmica sobre a história do teatro em Cajazeiras e Soia Lira, Marcélia Cartaxo e Eliézer Filho relebram os primeiros passos nas artes cênicas, na “Terra do Padre Rolim”. Já Nonato Guedes, Alarico Correia Neto, Jeanne e Saulo Pires figuram entre os que escrevem sobre Íracles Pires.



fonte: (Cristiano Moura) coisasdecajazeiras.com.br

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Enigmas de nosso tempo

_________________________________Escreveu, Mariana Moreira



O nome e o lugar estão se dissipando em meras memórias. Figuram mais como sonoros e remotos lugarejos ou designações de espaços que soam como nomes exóticos, andando de costas para o tempo. Assim é o Riacho da Curicaca, que vem sendo engolido, de forma voraz e insaciável, pela especulação imobiliária que, ao arrepio de qualquer vigilância pública, espalha suas garras movidas tão somente pelos interesses do lucro fácil. Uma fome que se alimenta de aterros e terraplanagem convertendo em loteamento córregos e riachos margeados por touceiras de oiticicas, por locas de pedras onde se escondiam sapos e lagartos que se esgueiravam de possíveis predadores ou se protegiam do sol.

E o Curicaca que, em tempos de invernadas abundantes, cantava afinada música de água barrenta borbulhando em pequenas cachoeiras e remoinhos improvisados em formações rochosas que se amontoavam em seu estreito leito, vai definhando e amofinando como a antecipar seu cruel destino de ser apenas um inanimado canal por onde escorre os fétidos esgotos urbanos. As formações rochosas de seu leito não resistiram ao impacto feroz dos explosivos e se converteram em pedras de calçamento deixando nu e exposto teu espinhaço ossudo de pedras e crateras. Tuas oiticicas ardem implacáveis em fornos de padaria ou em churrasqueiras que deliciam aprazíveis encontros de amigos e distanciam nossa responsabilidade com nossos recursos naturais.

E a cidade cresce e se verticaliza. Surgem os primeiros edifícios de mais de quatro andares. Um positivo sinal de que o crescimento econômico impulsionado, sobretudo, pela expansão de seus serviços educacionais, que atrai para a cidade estudantes universitários de vários estados da região, vem criando alternativas de vida para a população fora do combalido esquema agricultura-pecuária. As ruas se apinham de automóveis que disputam aguerridamente as parcas vagas de estacionamento enquanto esperam que o poder público defina regras racionais paras disciplinar essa área. As novas construções sinonimizam progresso, mas negligenciam um aspecto fundamental para quem vive numa região marcada por uma configuração de semiaridez: a falta de água e a relevância vital que a água da chuva que, em muitos anos, cai de forma irregular, assume como estratégia de vivência e de convivência. Não se observa, nestas construções, nenhuma iniciativa de armazenar a água da chuva que, acumulada em cisternas, pode ser necessária para o atendimento de várias necessidades, como descargas sanitárias, banhos, limpeza doméstica, rega de jardins, lavagem de carros e calçadas. Atividades que, no momento, são realizadas com água tratada e, escassa. Além da escassez, essa água, para tornar-se adequada ao consumo humano, sofre um processo de purificação que redunda em investimentos financeiros realizados com dinheiro público, ou seja, de nossos impostos. Dinheiro que se torna ausente em hospitais, escolas, estradas, afligindo pessoas e antecipando vidas. 

Enquanto isso fica a pergunta: quem sabe onde é, ou era, o riacho da Curicaca? 




fonte
: Sete Candeeiros Cajá
Música "Forte Velho" do último Cd do músico e compositor cajazeirense Naldinho Braga a a Banda Carro de Lata.      

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Poeta Cajazeirense Aldo Lins radicado no Recife/PE, recita de sua autoria o poema "Bandeira da Aurora"

domingo, 27 de outubro de 2013

A HOMENAGEM A CRISTIANO CARTAXO
.....................................................................................................................

        Um significante registro para aqueles que têm interesse em estudar a história da educação em Cajazeiras. Uma foto produzida em 1973, que revela detalhes da homenagem prestada pelos alunos de uma turma concluinte de 3º ano científico do Colégio Estadual de Cajazeiras, ao poeta cajazeirense Cristiano Cartaxo. A imagem em frente e verso, mostra em primeiro plano Tantino Cartaxo, o homenageado - poeta Cristiano Cartaxo, Monsenhor Vicente Freitas e Prof. Raimundo Holanda. Ainda é possível ver por traz de Tantino, na porta da sala de aula, as alunas: Dorinha (irmã de Laci e Galego Billy Gancho) e Socorro Almeida. No verso da fotografia, há um oferecimento feito por Francisco Rolim Freitas ao Prof. Raimundo Holanda.


   


fonte: (acervo) prof. Raimundo Holanda

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O tempo e a fotografia de Cajazeiras

No passado era apenas assim: "preto e branco como as imagens no cinema mudo". Mas as cores do tempo, monocromáticas há anos, graças a obscuridade e o isolamento dos velhos baús, junto com os desafios da modernidade, transformaram nossas ruas do presente, em imagens sépia e ocre. Abaixo, algumas imagens de locais em nossa cidade, que o tempo não coloriu, apenas pigmentou, pois simplesmente são registros da nossa história, que ponteia e consola nossas fatigadas almas de lembranças. Lembranças, que só podem ser sentidas em preto e branco. E se não for assim, não tem graça nenhuma.

Album Fotográfico
.................................................................................................................


Legenda das Fotos:

1ª. Casarões que ficava em frente a Praça do Congresso. Popularmente conhecida como Praça da Prefeitura. Vê-se ao fundo a torre da caixa d'água do Hotel Oriente.
2ª. Antigo Dispensário de Tuberculoses que ficava no inicio da antiga estrada que começava ao lado direito do Hospital Regional de Cajazeiras, indo até a zona rural.
3ª. Década de 60 - Rua Padre José Tomaz. Ainda sem o alargamento do trecho que começava da Praça dos Carros (coração de Jesus) ao Cine Teatro Paz.
4ª. Década de 70 - Um trecho da Rua Tenente Sabino. hoje calçadão da Tenente Sabino
5ª. Dezembro de 1973. Alargamento da Rua Padre José Tomaz. Obra do Prefeito Antônio quirino de Moura. Crédito fotográfico: Chiquitinha Elias.
6ª. Uma das mais antiga fotografias do Cemitério Coração de Maria. Vê-se também a estrada que ligava a Rua Padre José Tomaz a zona sul, onde é hoje a Avenida Engenheiro Carlas Pires de Sá.


SE VOCÊ GOSTOU, DEIXE O SEU COMENTÁRIO.

 



quarta-feira, 16 de outubro de 2013



Uma Justa Homenagem


JOSÉ ANTÔNIO DE ALBUQUERQUE: Revista Correio das Artes, editada pela a UNIÃO, setembro de 2013, publica um excelente trabalho sobre "O Teatro em Cajazeiras". São trinta e três páginas que retratam e destacam "o fazer teatral em Cajazeiras" e o foco principal é a nossa querida e inesquecível Ica Pires. Escreveram para a esta edição: Chico Cardoso, Vanessa Queiroga, Guilerme Cabral, André Luiz, Nonato Guedes, Ubiratan de Assis, Pepe Pires, Alarico Correio Neto, Constantino Cartaxo, Telma Cartaxo, Cristovam Tadeu, Buda Lira, Guilherme Cabral, Eliezer Filho, Íracles Pires, Hildebrando Assis, Rosilda Cartaxo, Janne Pires e um depoimento de Chico Rolim (publicado no seu livro "do miolo do Sertão). Considero este trabalho como ótimo, pois resgata a importância que a nossa Cajazeiras tem no campo teatral. Vale a pena ler e arquivar, pois foi o que melhor já se produziu nesta área.



sábado, 12 de outubro de 2013



AC3 vai liderar um movimento, a partir de novembro para criação de uma nova Universidade em Cajazeiras

Existe entre a comunidade acadêmica da UFCG, Campus de Cajazeiras, professores que são contrários à criação de uma nova Universidade, mas em todos os segmentos da sociedade civil organizada de Cajazeiras existe unanimidade para sua criação e a AC3 vai liderar um movimento, a partir de novembro, para a retomada do projeto, que já está pronto e deverá ser entregue nas mãos da bancada da Paraíba, em Brasília.

Do contra

O modelo que vai ser proposto será na mesma linha e nos moldes em que foi criada a Universidade Federal do Cariri Cearense, que ao se desligar da UFC, receberá um volume de recursos superior a 100 milhões de reais, criação de mais Campi e mais cursos e mais de 200 contratações de professores e servidores. Quem fica contra a uma luta desta envergadura e que vai beneficiar a nossa região, não pretende criar raízes entre nós e talvez seja muito elitista.


fonte: (faisqueira) coluna do Gazeta do Sertão